Pr. Carlos Eduardo

Pr. Carlos Eduardo

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Desculpas, mil desculpas. Preciso falar.

Desculpas, mil desculpas, mas preciso falar.

Como brasileiro também não gostei de ver a seleção brasileira perder. Também sinto que perdi. Sou patriota e não gosto de ver meu país perder para ninguém em nada.

Mas, também devo dizer que finalmente as coisas estão no seu devido lugar.

Se o futebol fosse apenas um laser ou um entretenimento, seria razoavelmente admissível que um pais como o Bras...il fosse campeão e nós brasileiros nos sentíssemos divertidos.

Seria admissível que um governo medíocre, amador, assistencialista, sem planejamento estratégico, sem projeto que não de mero poder e sem projeto de Estado, um governo retrógrado que continua insistindo em políticas falidas no mundo de Cuba e União Soviética, um governo intervencionista em assuntos ridículos e laissez faire em assuntos onde deveria atuar, ainda colhesse louros.

Acontece que há muito e no mundo todo, o futebol é um esporte, um esporte profissionalizado, um esporte altamente profissional. Um esporte que envolve Clubes e Empresas multi milionárias. Um esporte que movimenta bilhões no mundo, que gera bilhões de rendas, que paga ou sonega bilhões em tributos.

Futebol é um esporte que arrasta milhões de pessoas no mundo, que as mobiliza, que interfere em suas vidas, que interfere na vida de países inteiros. Temos visto isto inclusive com esta copa no Brasil. Até a legislação brasileira, a infra estrutura, as instituições mais antigas inclusive as militares, de segurança de saúde, tudo foi modificado, influenciado, ativado ou desativado.

Parece natural. Um país que não tem governo, que não tem pesquisa e a que tem não consegue transformar em produtos rentáveis, em patentes e em lucro de nenhuma espécie. Um país cuja academia somente serve para produzir pesquisa de biblioteca, que na biblioteca ficará e jamais será chamada a produzir algo de útil que contribua na vida das pessoas, das empresas ou na economia e/ou política do país. Raras e honrosas exceções somente confirmam a nefasta regra. Um pais que não tem prêmio Nobel, não tem grande desenvolvimento em poderio bélico, mas o pior, não tem planejamento estratégico, não sabe o que é infra estrutura. É natural que não se espere algum setor altamente profissionalizado.

Parece natural não esperarmos grandes coisas de um país que não se esforça por ser sério, que vota em qualquer um. Parece natural não esperarmos grandes coisas de quem troca voto por dentadura, muleta, cadeira de rodas, milheiro de tijolo, cimento, pedra, areia, cargos, jeitinhos, mixarias, e outras misérias.

Não dá pra esperar grandes coisas de quem troca seu voto, sua dignidade e seu futuro por esmolas e instrumentos de poder travestidos de cotas sociais, raciais ou seja o que for que mais humilha e atesta incompetência que corrige erros sociais.

Não dá para esperar grandes coisas de quem troca votos por bolsas, bolsa família, bolsa gás, bolsa paletó, e outras bolsas, que não passam de instrumentos de poder, de dominação, travestidos de solução.

Resultado disto que retratamos e de tudo o mais que nem tentamos ou quisemos mas que poderíamos, temos que, não temos políticas públicas, não temos políticas de Estado, não temos gestão estatal, não temos gestão.

Aplicando isto ao nosso futebol temos que não há políticas de Estado para o futebol ou para qualquer esporte. Aliás o esporte não é tratado como esporte, como atividade profissional. Nossos clubes ou são endividados, mal pagadores de tributos e mal geridos, ou são alvo também das suas cotas e políticas assistencialistas, de corrupção e de vergonha.

O abismo social entre classes se repete no mundo esportivo. Alguns raríssimos atletas ganham fortunas absurdas, que sequer sabem gerir e muito menos estão preparados psicologimente para tal. De outro lado, a esmagadora maioria dos atletas mora nos estádios, ganham mixaria ou nada, passam necessidades das mais basilares, vivem longe da família, tem caráter mal formado, etc...

Vamos admitir. Os alemães têm Nobel, têm pesquisa, têm profissionalismo, são potência bélica, têm gestão, sabem transformar pesquisa em produtos e lucro, têm seriedade, têm determinação, sabem cobrar políticas públicas de governo e de Estado, são potência econômica, sabem planejar estrategicamente, levam a sério a vida, são profissionais no que fazem. Eles têm Angela Merkel, uma estadista de verdade, uma líder entre lideres, uma potência numa Europa toda de potências. Eles não têm mensaleiros, criminosos condenados pelo devido processo legal, criminosos no verdadeiros sentido da palavra, defendidos pelo seu governo. E tudo isto no futebol também.

Desculpas, mil desculpas, mas sejamos humildes para admitirmos, enfim as coisas estão no seu devido lugar. Venceu quem merecia vencer. Venceu quem fez por merecer, não só no futebol, mas em tudo.

Eu mesmo escrevi.
Carlos Eduardo Neres Lourenço