Pr. Carlos Eduardo

Pr. Carlos Eduardo

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um Pouco de Filosofia da Linguagem

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Hoje estava conversando com meu irmão e amigo Jeferson (o da foto) sobre um trabalho que sua noiva, Amália, deveria produzir com fins de avaliação. Falamos sobre Wittgenstein, este grande filósofo da linguagem. Então me inspirei para anexar este texto que trabalho o famoso livro azul de Wittgenstein. Quem quer conhecer um pouco de filosofia, vai lá.




Para se ter o significado de uma palavra é essencial que a palavra tenha sido ouvida anteriormente e acima de tudo é necessário dar um sentido a ela, ou seja, relacionar essa palavra com um objeto ou sua simbologia. É preciso atribuir-lhe um sentido e isso é o dever da definição ostensiva. A definição ostensiva pode ser interpretada de múltiplas maneiras, podendo a palavra ser interpretada como significado ou apenas interpretada pela linguagem apresentada.
O processo mental está intrinsecamente vinculado as palavras, ou seja, o signo da linguagem não terá sentido sem esses processos mentais. O ser humano é capaz de organizar um pensamento através de uma palavra ou frase, sem que o objeto ou sujeito dito esteja presente. De acordo com Ludwig Wittgenstein, o signo (a frase) obtém o seu significado do sistema de signos; da linguagem à qual pertence. Numa palavra, compreender uma frase significa compreender uma linguagem. A frase tem vida, pode dizer-se, enquanto parte inte­grante do sistema da linguagem.
As interpretações da linguagem também decorrem do processo interativo de diferentes processos, como o tom em que é proferida as palavras, a expressão facial e outras formas corporais que podem ser apresentadas juntamente com um conjunto de palavras. Muitas palavras ou frases podem ser interpretadas conforme sua expressão facial ou a entonação, como “você ficará aqui.”, ou “você ficará aqui?”. É a entonação, uma das características marcantes do significado e interpretação dada a um conjunto de palavras. A imaginação de cada um também é o que dá vida à frase como algo que, numa esfera misteriosa, com ela coexiste. Mas, seja o que for que com ela coexista, será para apenas outro signo.
Segundo Ludwig Wittgenstein, se o sentido da palavra for ensinado por recurso a uma qualquer espécie de definição ostensiva (uma regra para o uso da palavra) este ensino pode ser considerado de duas maneiras diferentes, o ensino é uma repetição. Esta repetição leva-nos a associar uma imagem com a palavra. Ou o ensino pode ter proporcionado uma regra que está envolvida nos processos de compreensão, execução de uma ordem, etc.
A criança aprende a usar as palavras através dos jogos de linguagem, para se estudar a linguagem é preciso examinar as formas primitivas da linguagem, buscando as formas de pensamento em que estão ligadas esse processo de descoberta. Com esse estudo pode-se ver as atividades e reações do pensamento mais nítidas e transparentes, e que com sua evolução chega-se as formas mais complicadas e abstratas. Portanto, a cada dia surgem novos jogos de linguagem, novos tipos, e outros desaparecem ou envelhecem e são esquecidos. A linguagem pode ter diferenças, dependendo das características de sua evolução.

A filosofia, tal como usamos a palavra, é uma luta contra o fascínio que as formas de expressão exercem sobre nós. Pensar o contrário seria como afirmar que a luz do meu candeeiro não é uma luz verdadeira porque não tem um limite bem definido. Os filósofos falam muito freqüentemente de investigar, analisar, o sentido das palavras. Mas não nos esqueçamos de que uma palavra não tem um sentido que lhe tenha sido dado, por assim dizer, por um poder independente de nós, para que possa proceder-se a uma espécie de investigação científica sobre o que a palavra verdadeiramente significa. Uma palavra tem o sentido que lhe foi dado por alguém. (WITTGENSTEIN, 1992)

“Sentido” é uma das palavras das quais se pode dizer que desempenham “tarefas ocasionais” na nossa linguagem. São estas palavras neste sentido, que provocam a maior parte dos problemas filosóficos.
O pensamento está, muitas vezes, relacionado com os objetos vivenciados pelas pessoas, ou pelo menos os objetos já vistos anteriormente. Esses objetos, para serem descritos, necessitam da experiência de pessoas, essas experiências, porém podem ser de diferentes aspectos ou podem ficar em situações de mudanças constantes. Quando é preciso retornar diversas vezes ao mesmo assunto, é como se não ocorresse a certeza de algo, é como filosofar, precisa-se voltar ao censo comum, para depois avançar, tendo a certeza final.
O uso da palavra “imaginar”, está relacionado com a imagem feita por alguma pessoa de fatos vivenciados ou apenas imaginados. Pode-se imaginar o que outra pessoa sente; como ela está, porém, não é possível sentir o que ela está sentindo. É possível comparar o que sinto com o que o outro sente, mas jamais o “sentir” é o mesmo.
Mas, o sentido em que se diz que uma imagem é uma imagem, é determinado pelo modo como se compara com a realidade. Pode-se chamar a isto o método da projeção. Cada um pode projetar seu sentimento, ou dizer que sabe o que o outro sente, devido a experiências já passadas, mas saber a grandiosidade do sentimento não é possível. Não é possível sentir a dor ou sentimento de outra pessoa.
Para tanto é necessário usar palavras para referenciar o que se está sentindo ou vendo, assim a única coisa a fazer em tais casos consiste sempre em ver como as palavras em questão são efetivamente usadas na linguagem. Quando é considerado tudo o que se conhece e o que se pode dizer sobre o mundo como se tivesse por base a experiência pessoal, então o que se conhece parece perder uma grande parte do seu valor, segurança e solidez. É possível, então, sentir-se inclinados a dizer que tudo é “subjetivo” e a palavra “subjetivo” é usada como caráter depreciativo, como quando dito que uma opinião é meramente subjetiva, é uma questão de gosto pessoal.
Quando há a imaginação vívida de que alguém sofre com dores, intervém freqüentemente, na imagem, o que se poderia chamar uma sombra da dor, sentida no lugar correspondente àquele em que se diz que a sua dor é sentida. Essa imaginação pode ser indiretamente comparada, através do comportamento corporal.
A maior parte dos casos existentes consiste em ver como as palavras em questão são efetivamente usadas na linguagem oral. Nesses casos é preciso pensar num uso diferente daquele que a linguagem vulgar faz das palavras, tratando-se de um uso propriamente da situação. Quando algo parece relativamente estranho á gramática da palavra, é uma possível que esta palavra seja usada de várias maneiras diferentes.
Segundo Ludwig Wittgenstein, é particular­mente difícil descobrir que uma asserção, feita pelo metafísi­co, expressa desacordo com a nossa gramática, quando as palavras desta asserção podem também ser usadas para referir um fato da experiência.
A idéia de imaginar dá espaço para acreditar nos pensa­mentos inconscientes e sentimentos inconscientes. Algumas pessoas acreditam na idéia da existência de pensamentos inconscientes, outras afirmam que é ilógico afirmar que apenas existem pensamentos conscientes e que a psicanálise tinha descoberto pensamentos inconscientes. Os que se opunham ao pensamento inconsciente não perceberam que não estavam a opor-se às reações psicológicas recente­mente descobertas, mas ao modo como elas eram descritas.
Um problema filosófico não admite uma resposta do senso comum. Pode apenas defender-se o senso comum contra os ataques dos filósofos resolvendo os enigmas destes, isto é, curando-os da tentação de atacarem o senso comum e não através de uma nova apresentação dos pontos de vista do senso comum. Um filósofo não é um homem que não está no seu juízo, um homem que não vê o que todos vêem, nem, por outro lado, o seu desacordo com o senso comum é idêntico ao do cientista, que não aceita o ponto de vista vulgar do homem da rua. Isto é, o seu desacordo não se funda num conhecimento de fato mais sutil.
Apenas podem existir pensamentos conscientes e não pensamentos inconscientes, algumas pessoas expõem os seus argumentos incorretamente, visto que se não querem falar de “pensamento inconsciente” não deveriam também utilizar a expressão “pensamento consciente”. Ao pensar filosoficamente não é possível ter respostas do senso comum.
Então, pode-se enfocar que para que uma expressão comunique um sentido, tal significado deve ser acompanhado de certas experiências, mesmo de senso comum, a expressão humana, na sua forma física, pode ter os sentidos mais diversos. O sentido de uma expressão é caracterizado pelo uso que se faz dela, não sendo um acompanhamento mental do sentido. Muitas vezes as frases usadas, ou a linguagem que é verbalizada, não necessita do uso de cálculo mental.
Pensar nas palavras como instrumentos caracterizados pelo seu uso, e em seguida pensar no uso de um martelo, no uso de um esquadro, de um frasco de cola, e no uso da cola. Isso tudo o que aqui está apenas pode ser compreendido se, se compreender que uma enorme variedade de jogos é jogada com as frases da nossa linguagem. Dar ordens e obedecer a ordens, colocar questões e responder-lhes, descrever um acontecimento e contar uma história fictícia. O uso da palavra, na prática, é o seu sentido. Ora, o perigo que se corre quando é adotada a notação dos dados dos sentidos é o de esquecer a diferença entre a gramática e uma declaração sobre dados dos sentidos e a gramática de uma declaração, exteriormente semelhante, sobre objetos físicos.
Assim, fica notório que o sentido da expressão depende inteiramente do modo como é utilizada. Não imaginemos o sentido como uma relação oculta que o espírito estabelece entre uma palavra e uma coisa, nem que esta relação contém a totalidade dos usos de uma palavra, tal como se poderia dizer que a semente contém a árvore.




O Livro azul da Wittgenstein

Um comentário:

Anônimo disse...

Pastooorr!!! Você salvou minha vida!!! Quer comentar mais alguma coisa sobre as investigações filosóficas? Que tal sobre as regras nas investigações?

(Preciso entregar um ensaio na quinta-feira hahhaha)