Pr. Carlos Eduardo

Pr. Carlos Eduardo

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Um pouquinho de etiqueta ministerial...


ETIQUETA MINISTERIAL

O termo etiqueta, em que pese significar também rótulo, cartão, marca ou ticket, tem segundo um pensador constitucionalista português por nome José Joaquim Gomes Canotilho, “... a mesma ascendência etimológica que a palavra ética, devendo ser inclusive considerada como ramo ou matéria da grande ciência da ética...”. (Vide Introdução ao Estudo do Direito. Capítulo Normas Sociais. Do citado Autor.).

O termo tem como significado no português, também o de uma ética menor, não por menos importante, mas talvez menos abrangente, pois preocupa-se menos com o estudo da moral e mais do comportamento externo.

Assim como a Etiqueta Social é sub ramo da Ética Social, assim também será a Etiqueta Ministerial sub ramo da Ética Ministerial.

O estudo mais aprofundado da matéria, e por conseqüência de suas ramificação no aspecto protocolo é capaz de despertar clamores, se cotejado com o admirável crescimento numérico da Igreja na história sem valer-se de tais ensinos. Mas inegável é, que a Igreja e seus membros desenvolvem-se dia a dia, e em todos os seus aspectos, exigindo de seus líderes maiores preocupações inclusive no campo a que se propõe esta disciplina.

A Igreja busca orgulhar-se de seus líderes, não apenas pelo seu bom testemunho, pelo seu conhecimento teológico, como também pelo seu trato social.

Os membros da Igreja têm em seus líderes um referencial, não somente nos aspectos bíblicos e teológicos como em todos os demais. Não é incomum verificarmos membros da Igreja vestindo-se como seu líder (desde que deste possa orgulhar-se), falando como o mesmo e até valendo-se de seu gestual. Já tivemos oportunidade inclusive de verificar uma busca maior dos membros da Igreja por cursos superiores e de formação secular após verificarem tal preocupação e atitude em seus líderes.

A Bíblia como nossa bússola e regra de fé, não aborda apenas aspectos espirituais em detrimento dos demais. A etiqueta, a vestimenta, a higiene, os aspectos litúrgicos e tudo mais que externo jamais foi desprezado na Bíblia, antes e sim foi protegido e por vezes até de forma coercitiva.


Alguém talvez possa argumentar que tais aspectos são mais aplicáveis a dispensação da Lei e ao período anterior à Cristo. Data vênia, mas tais argumentos não devem prosperar visto observarmos ao longo do novo testamento grande preocupação com o aspecto exterior.

Muitos são os textos dos quais poderíamos valer-nos, mas ante a exigüidade do tempo e a necessidade de explorarmos os aspectos práticos da disciplina, exemplificamos com alguns:

I Tessalonicenses 5:23 - "E todo vosso espírito, alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (Grifo nosso) (Teorias Tricotomista e Dicotomista).

I Coríntios 4:1 - "Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus" (Grifo nosso).

II Timóteo 2:15 - "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que envergonhar-se” (Grifo nosso).


1) Definição de Etiqueta

a) Etimológica:
ethos = costume, hábito, disposição (Grego).
eta = sufixo indicativo de diminutivo

b) Para Russel Norman Champlin: (Escritor a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, e dos Novo e Velho Testamento Interpretados).
"É o conjunto de atitudes que pautam a conduta social ideal do indivíduo"

c) Para Rui Bacciotti (Professor de sociologia da UNICAMP)
“Conjunto de atos externos que designam o caráter social e cultural do relacionamento do indivíduo com demais pessoas”

2) Definição de Ministério
a) Etimológica:
Meshareth (Hebraico) = Assessor de pessoas, auxiliar no sacerdócio, servidor do templo;
Diákonos (Grego) = Servidor, ministrador, filantropo;
Uperetes (Grego) = Remador, atendente da sinagoga, ministro da palavra;
Doulos (Grego) = Servidor de um Senhor;
Leitourgós (Grego) = Servidor civil e religioso, sacerdote;
Latréia (Grego) = Servidor em troca de recompensa.

b) Síntese segundo Champlin
“É o exercício de atividade sacerdotal na obra do Senhor Jesus Cristo”


3) Etiqueta ministerial

Poderíamos sintetizar como sendo:
"Conjunto de atitudes e regras de conduta social que devem reger a vida do ministro em sua convivência social"

4) Elementos da Ética Ministerial

Abordamos que a etiqueta ministerial é uma das vertentes da Ética Ministerial e por tal importa-nos situa-la melhor neste sentido.


Diante dos textos já abordados verificamos a existência de pelo menos 03 (três) aspectos a serem enfocados, quais sejam:

- O aspecto espiritual (Diz respeito a Deus): "E todo vosso espírito...", "... a Deus, como obreiro aprovado...”.
- O aspecto intelectual, pessoal (Diz respeito a nós mesmos): "... alma...", "envergonhar-se...”.
- O aspecto exterior (Diz respeito aos que nos cercam): “... corpo sejam...", "Que os homens nos considerem...”.


5) A Ética no aspecto espiritual

Que o nosso espírito seja irrepreensível... isto é ser santo
Há na Igreja pelo menos 03 tipos de pessoas: Salmo 50
Recompensa está em Joel 02: 23 (Início nos versos 12 e 13)

6) A Ética no aspecto pessoal

Não tem do que envergonhar-se
Pautar nossas vidas de forma a não envergonharmos a nós mesmos
Implica em ser discípulo de Cristo: Mateus 11:29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim...
Implica em crescer na graça e no conhecimento: II Pedro 03:18 Crescei na graça e no conhecimento...

7) A Ética no aspecto exterior

É aqui que encontramos o liame e ponto de partida entre a ética e a etiqueta. A ética ministerial preocupa-se com os aspectos espirituais, pessoais e também com os aspectos externos. Preocupa-se com a moral e espiritualidade, mas não despreza a convivência social, e neste ínterim surge a etiqueta.

Neste aspecto também não seria demais valer-nos de 02 (dois) textos que se completam na Bíblia e pelos quais este servo de Deus tem profundo respeito:

Mateus 5:11 - Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e mentindo disserem todo mal contra vós;

Jeremias 48:10 - Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente...

Que os homens nos considerem...

Leva em conta a imagem que formamos perante as demais pessoas
Leva em consideração a convivência social

Neste aspecto da convivência social encontramos pelo menos 05 espécies normativas a serem enfocadas:

- Lei; É coercitiva sob pena de punição...
- Moral coletiva; Não é coercitiva, mas implica em punição social...
- Costumes; Praticas sociais reiteradas e convergentes...
- Liturgia; Praticas e processos religiosos...
- Regras de conduta social; Não são coercitivas, mas harmonizam a vivência coletiva (Aqui estão a etiqueta e o protocolo).
Explanando:
Lei: é imposta pelo Estado e prevê punição para o desobediente;
Moral coletiva: trata daquilo que não é ilegal, mas não é plenamente aceito pela coletividade. Ex: o homossexualismo
Costumes: São as práticas reiteradas e convergentes de determinada sociedade
Ex: Chimarrão no Sul, tererê no Mato Grosso, dança na África, silêncio nas igrejas Sulistas, etc...
Obs... Há que se tomar grande cuidado neste aspecto principalmente quando da realização de missões.
Liturgia: São as práticas religiosas que devem ser observadas, é o processo adjetivo através do qual o culto substantivo se efetiva.
Regras de conduta social: São todas as demais regras que regulam a vivência do indivíduo em sociedade, está amplamente ligado ao conceito primário de política (arte de viver na polis) e que compreende a popularmente chamada educação, a etiqueta e o protocolo:

No campo da disciplina a que nos propomos estudar é impossível dissociar cada um dos aspectos supra, a infração de qualquer deles implica na infração de outros.

Mas no campo prático queremos dar atenção especial à liturgia, educação, a etiqueta propriamente dita e ao protocolo.

No campo da liturgia, trazemos as seguintes observações, ainda que seja apenas exemplificativamente, pois o campo é muito mais vasto:

- Saudação deve ter no máximo 3 a 5 minutos;
- Palavra deve ter no máximo 4 a 8 minutos;
- Mensagem deve durar somente até a transmissão da palavra profética;
- Momento de pregação não é momento de ficar glorificando ou falando em línguas estranhas;
- A mensagem tem que ter uma linha de raciocínio;
- É de bom alvitre fazer esboço;
- A Leitura bíblica não deve ser tão curta que seja lacônica, nem muito comprida que seja cansativa;
- A oração deve ter objetividade e duração coerentes;
- O lavar as mãos para a Santa Ceia não é mero cerimonial;
- Ao orar para a ceia deve-se tomar cuidado com a higiene;
- Quem não sabe cantar deve pedir para outro;
- O apelo é hora de muita reverência;
- O estímulo às ofertas deve ser cauteloso e cuidadoso;
- Não se deve dar oportunidades para quem não se conhece;
- Deve-se tomar cuidado com documentos apresentados por visitantes;
- O culto não deve ser um show de calouros;
- O obreiro deve portar-se condignamente fora ou sobre o púlpito; (Não ficar com as pernas demasiadamente abertas, ficar conversando, bocejando, rindo, etc...)

No campo da coloquial educação, trazemos as seguintes observações:

- O obreiro deve banhar-se com freqüência;
- O obreiro deve usar roupas limpas e bem passadas;
- O obreiro deve cuidar com o mau hálito;
- O obreiro deve cuidar da saúde;
- O obreiro deve cuidar da saúde dos dentes e sua limpeza;
- O obreiro deve cuidar da limpeza dos olhos e dos ouvidos;
- O obreiro deve preocupar-se com a aparência;
- O obreiro deve barbear-se, cortar os cabelos e as unhas;
- O obreiro deve usar roupas que se combinem; (Ex: meias da cor dos calçados ou da calça, gravata combinando com a camisa e o paletó, etc...)
- O obreiro deve engraxar periodicamente os calçados;


ETIQUETA - é um conjunto de normas de procedimentos, característicos da boa educação, polidez, cortesia e hospitalidade, no relacionamento entre pessoas ou grupos, por ocasião de solenidades, eventos sociais, ou mesmo no cotidiano. (Vade mecum de protocolo e cerimonial do Exército).


No aspecto da etiqueta propriamente dita, temos a salientar que:

- O obreiro deve saber portar-se a mesa e em qualquer ambiente;
- O obreiro deve saber alimentar-se com garfos e facas;
- O obreiro não deve mastigar com a boca aberta;
- O obreiro não deve falar com alimento na boca;
- O obreiro não deve produzir ruídos exagerados com a boca enquanto come;
- Deve-se limpar a boca com os guardanapos todas as vezes que for leva-la aos copos;
- A oração na hora da alimentação deve ser dirigida pelo dono da casa ou quem o mesmo pedir;
- O obreiro deve lembrar-se que não tem domínio sobre as casa dos outros;
- Os cumprimentos devem ser sempre respeitosos e olhando-se nos olhos;
- Excesso de liberdade é recriminável em qualquer obreiro;
- Não deve o obreiro meter-se em assunto que não lhe diga respeito ou em conversas de outrem;
- Quando houver outras pessoas conversando, deve-se tomar cuidado para não atrapalhar a conversa ou mesmo meter-se em conversa particular;
- As pessoas devem ser tratadas com respeito e galhardia, inclusive respeitando-se suas funções e patentes civis, militares ou ministeriais;
- O obreiro deve ter atitude de respeito com a esposa e filhos, tanto na particularidade quanto em público;
- Atitudes de cavalheirismo enriquecem o conceito do obreiro ante sua família, sua Igreja e a sociedade;
- Etc...


No elemento protocolo, talvez estejam algumas deficiências que devemos abordar com muito respeito, ainda que sabemos que não esgotaremos o assunto.

O protocolo é o conjunto de regras que disciplinam os cerimoniais cívicos, ou sociais.

O vocábulo protocolo, originário do grego PROTÓKOLLON - Proto, primeiro; Kollon, cola; designando a tira de papel que se afixava a um documento, de uma série, para determinar sua posição dentro do conjunto.

Protocolo ganha depois a definição seguinte: - é o instrumento de suporte ao cerimonial, em que são estabelecidas regras de conduta, a serem seguidas, com o propósito de ordenar e evitar constrangimento entre autoridades que participam da cerimônia. (Vade mecum de protocolo e cerimonial do Exército)
Trata, em especial, da precedência das autoridades; das formas de tratamento; das honras; do posicionamento de bandeiras; e do dispositivo das autoridades nos palanques, nas mesas de honra e de refeição formal, por ocasião de eventos oficiais.

Ao longo do culto, são adotadas práticas que não podem ser enquadradas como litúrgicas por não terem tal caráter, é o caso dos momentos de parabenização, apresentação de visitantes, convites para o púlpito, etc... Tais atividades não devem ser feitas com grosseria ou desrespeito sob risco de causar mal impressão e mais malefício que benefícios.

Abordando apenas alguns aspectos do protocolo temos:

- O visitante convidado ao púlpito deve sentar-se o mais próximo do pastor da Igreja possível;
- Deve ser apresentado, primariamente o preletor, depois as autoridades eclesiásticas, civis e militares, depois os portadores de carta de apresentação e por fim todos os demais;
- A ordem de apresentação deve ser do mais importante para os demais e jamais de forma inversa, o criar clímax é para shows e não para cultos ou cerimônias protocolares;
- É preferível apresentar a todos pelos seus respectivos nomes;
- Não se deve jamais apresentar com acepção entre evangélicos e não evangélicos, mas apresentar a todos como amigos da Igreja e que são bem vindos;
- Etc...


Se a cerimônia for revestida de formalidade e desejar o obreiro seguir rigorosamente o protocolo, o que é indicado, deve preocupar-se inclusive com a disposição das autoridades que deve dar-se da forma que passamos a expor.


O lugar de honra de um dispositivo é aquele que se situa ao centro da primeira fileira; o anfitrião deverá se posicionar, imediatamente à esquerda da autoridade que ocupar o citado lugar, ficando o de maior precedência após a mais alta autoridade, no lado oposto. Os demais, segundo suas precedências, se posicionarão à direita e à esquerda dos três primeiros.

Legenda: 1 - Autoridade de maior precedência
2 - Segunda maior autoridade
3 – Anfitrião
4 a 9 - demais convidados, respeitada a precedência.
Quando uma autoridade se faz representar em solenidade ou cerimônia, seu representante tem lugar de destaque, mas não a precedência correspondente à autoridade que está representando.
Em se tratando da composição de mesa de honra para reuniões formais há que se obedecer a regras específicas, particularmente com relação à chamada precedência.
A palavra precedência, do latim "PRAECEDERE", significa sentar na frente, donde derivam: "passar na frente" e "situar-se antes".
A PRECEDÊNCIA constitui a base do protocolo. É o conceito ou ordem hierárquica de disposição de autoridades, de instituições, de bandeiras, de honras, ou de grupos sociais.
A mesa de honra em sessões solenes é aquela que, além de ocupar uma posição de destaque dentro do dispositivo idealizado para o evento, é integrada pelas autoridades de maior precedência que participam e presidem o mesmo.
Um dos aspectos mais importantes na composição de uma mesa de honra é aquele referente à precedência na ocupação dos lugares à mesma. A ordem de chamada dos componentes da mesa é sempre crescente. Isto significa que a autoridade que preside o evento será a última a ser anunciada, e a forma de colocação das autoridades será a mesma supra exemplificada.
Conclusão
A matéria é por demais vasta, o que se viu neste pequeno material é apenas uma tentativa de abordar os mais comezinhos e básicos aspectos da mesma.
Longe estamos de esgotarmos o assunto, e ainda mais longe de qualquer espécie de perfeição, mas esperamos que tenhamos podido ajudar, ao menos abrindo uma janela para tão vasto horizonte na busca de sermos melhores a cada dia.
Que possamos ser motivo de júbilo aos anjos diante de cada alma que trouxermos para o Reino de Deus, motivo de honras a Deus por aquilo que somos, pensamos e procedemos, e de orgulho para nossos liderados e irmãos que conosco trabalham.
Graças damos a Deus se acharmos graça aos vossos olhos, merecendo vossas orações e escusas por nossos eventuais erros.

Pr. Carlos Eduardo Neres Lourenço

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